terça-feira, 13 de janeiro de 2009

10 Perguntas para: Hector Casanova

Por Rafael Wally


1. Quando é que você começou a fazer design / desenhar?

u tenho desenhado a minha vida toda. Bem cedo eu já sabia que queria desenhar e fazer disso um meio de vida, embora a idéia de exatamente como isso acontece tenha se descolado e continue a se descolar. Em diferentes ocasiões eu quis ser um pintor, um ilustrador, um artista gráfico, um desenhista de quadrinhos ou um designer... No final eu acho que decidi ser um pouquinho de cada uma dessas coisas.

2. Você desenha diretamente no computador ou começa com lápis e papel?

Atualmente, quse sempre no papel. A grande maioria dos meus trabalhos começa com desenho à pena e tinta, então em algum ponto eu escaneio isso e finalizo digitalmente. Eu ainda faço alguns trabalhos que não passam pelo computador, mas isto é significativamente menos do que a apenas alguns anos atrás. Além disso, estes são alguns trabalhos mais intimistas, pinturas e desenhos para amigos e coisas assim. Pouca gente vê esses em comparação com aqueles que vêem os trabalhos que passam pelo computador, os quais vão para algum website ou são publicados no Jornal e assim por diante.




3. Que tipo de softwares você usa para completar seus trabalhos?

Basicamente o Painter, Photoshop, Illustrator ou Freehand.

4. Quando está criando, qual o momento em que você considera um trabalho pronto?

É sempre muito fácil passar do limite, portanto eu sou muito cuidadoso para não "supertrabalhar" as coisas. Eu trabalho em cima de um desenho até ele parecer certo, aquilo que ele deve significar. Algumas coisas tomam apenas algumas horas, outras levam dias e dias...

5. Como você vê seu trabalho? Experimental? Profissional? Estilizado?

Eu penso que meu trabalho é de alguma forma experimental, no sentido de que eu estou sempre tentanto coisas novas. Mas de um ponto de vista científico, há experimentos ruins, porque eu raramente me lembro de como fiz alguma coisa. Algumas vezes eu verei uma ilustração que fiz um ou dois anos atrás, e honestamente não terei a mínima idéia de como fiz aquilo.

Trabalho intuitivamente, tento não me prender a fórmulas, sempre tentando coisas diferentes e caminhos e ferramentas. Isto é verdadeiramente tão estilístico quanto é formal, porque eu tenho feito um esforço para não desenvolver um estilo único no qual eu possa confiar como minha cara. Eu ficaria chato muito rapidamente se tivesse que trabalhar dentro de parâmetros de um único "estilo". Então eu dou uns pulos, para que meu trabalho se pareça um pouco com os desenhos hip-hop, outras coisas se parecem com as pinturas do Expressionismo Alemão, outras coisas se parecem com os pôsteres Poloneses...

Por um lado você pode dizer que meu trabalho caminha em vários fluxos, sem direção. Eu sou uma pessoa agitada, intelectualmente, criativamente, fisicamente.Estou sempre tentanto achar novos caminhos para fazer as coisas, de olhar para as coisas. Eu não conheço outro jeito de ser. Mas eu penso que vendo vários trabalhos meus juntos, os temas e idéias se tornam próximos, dando a eles um visual mais unificado, mesmo com as mudanças de estilo e mídia de peça para peça.



6. Qual o seu maior talento como artista?

Eu nunca estou satisfeito. Não com meu trabalho. Eu sou meio obssessivo, e a última pessoa a quem quero desapontar é a mim mesmo.

7. Que características você gostaria de adicionar ao seu estilo?

Escala. Eu quero fazer um pinturas e quadrinhos do tamanho de murais.

8. Quais são as suas coisas favoritas sobre a internet?

A disseminação de idéias e imagens. Tanta gente tem visto meu trabalho agora por causa da internet. Do mesmo modo, eu tenho sido exposto a tantas centenas de artistas maravilhosos que eu nunca descobriria sem a internet. Eu acho engraçado que na ficção científica desde os anos 50 até os anos 80, todos tenham previsto sociedades com carros voadores, ciborgues e pessoas com pranchas voadoras... mas a invenção que tem realmente mudado a forma como o mundo todo trabalha, a internet, ninguém imaginou que fosse acontecer.

9. Você gosta do que vê online?

Tem muita coisa boa online. Tem muita coisa ruim também, mas isto acontece em qualquer meio. O webdesign ainda está limitado à tecnologia que o carrega, que o faz lento e impõe limites do que se pode fazer. Mas eu acho que ainda muito longe de estar morto. Está deixando a infância, e conforme a tecnologia se torna melhor e mais barata e mais acessível para mais pessoas, ser´amais fácil projetar conteúdo para web para audiências que tenham computadores melhores e mais rápidos, com conexões mais rápidas. O problema atual se deve à tecnologia e sua distribuição... Eu não acho mesmo que o webdesign está morto. está apenas esperando que a tecnologia suporte uma nova onda de crescimento.

10. Alguma observação final?

Acho que a única coisa que eu gostaria de enfatizar é o que eu realmente penso sobre a divisão entre "Arte" numa mão e Arte Gráfica ou Design e Ilustração na outra... Esta diferença é cada vez mais obsoleta e arbitrária. Eu honestamente acho que as coisas feitas nas Artes Gráficas, Quadrinhos, Grafitagem e as outras tidas como "alternativas" [NT: underground] são muito mais angajadas e vitais do que muita coisa que vejo em museus e galerias...

Fui a uma galeria aqui em Kansas chamada Galeria da Porta Verde, e tentei mostrar artistas da cena que estão fazendo este tipo de coisas. Arte que está viva e se aventurando. Quando eu vejo arte, estando no museu ou num quadrinho, a única questão que me perturba é onde a arte se sente genuína. Se realmente me afeta. Isto é o que importa. O mundo já é complicado o suficiente como está, não me importa a arte ser classificada "Grande Arte" e "Arte Pequena". Estas distinções são apenas uma distração gerada pelo trabalho em si... Isto é feito pelas pessoas.



Hector Casanova:
www.hectorcasanova.net

fanzine O GRITO
http://www.grito.com.br

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